Organizações, sociedades e pessoas desde sempre vieram na diversidade, e o processo de evolução para todos se deu no fenômeno da aceitação e aproveitamento desta diversidade, seja no individuo ou no sistêmico.
Falar de liderança inclusiva se pressupõe a existência de duas variáveis: a primeira o indivíduo, líder que propõe aos seus liderados um convite para pensar, agir e sentir com liberdade e autonomia, que estimula neles o desejo e a capacidade de explorar, descobrir, inovar na intenção e no reconhecimento do potencial de cada um, para a criação e reinvenção. Em última instancia aquele que incutir e estimula aprender a reaprender. A sua arte será a de criação e recriação sem sentir-se preso a regras, crenças, segmentações, métodos classificatórios que criem diferenças, distância e benefícios que desqualifiquem ou eliminem oportunidades de inclusão de todos.
A segunda variável é a capacidade desse líder de criar contextos favoráveis, apoiadores a expressão, participação e colaboração de todos, mantendo um estado permanente de questionamento, pergunta e aprendizado, dando o estímulo ao comprometimento com o coletivo e a criação de uma cultura de solução dos desafios que afetam o todo. Não teremos líderes inclusivos em organizações, hierarquias, com baixa visão sistêmica e pouca conexão entre as partes, que mantém colaboradores a espera da ordem, permissão ou direção do líder endeusado.
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Impulsionar a criação de mecanismos, práticas e processos que apoiem a funcionalidade, o acesso a recursos e informações, a troca de reconhecimento e benefícios são medidas que tornam objetiva e concreta a inclusão.
Para uma atração inclusiva, o líder será desafiado a rever seus princípios conceitos, crenças e experiências, seus mecanismos pessoais de valorização e reconhecimento introjetadas ao longo da sua vida e principalmente terá que questionar permanentemente sua intenção, modo de atuação e impacto ao avaliar seus liderados, ao se confrontar com divergências, oposições e diferenças, ao esperar que o outro seja tão bom quanto ele, ou faça do modo que ele quer. Será no dia a dia, no passo a passo da relação que entram em jogo necessidades, desejos e sentimentos que só poderão ser superadas quando esse líder puder falar, ouvir e perguntar com verdade.
Empresas que escolhem líderes inclusivos esperam que a inteligência tanto deles, quanto dos liderados permita que eles operem em qualquer contexto ou território do negócio com autonomia e accountability, expressem curiosidade, explorem novas possibilidades e oportunidades e sejam verdadeiras agentes de inovação, e de criação de novas inteligências, ao mesmo tempo que as relações ganham ética, confiança e clima saudável.
Nestas condições de liderança, com certeza, serão negócios com maior produtividade, lucratividade, atração e longevidade.
Por Rosa Bernhoeft
Especialista em liderança e gestão de altos executivos, sócia-fundadora da Alba Consultoria, criadora de conceitos e metodologias para gestão de carreira, treinamento e desenvolvimento.
Matéria publicada em 23 de Julho de 2022 no portal Clube Gestão RH.