A EXAUSTÃO DECORRENTE DO HOME OFFICE: QUAL É O SIGNIFICADO DESSE SINTOMA EM SUA VIDA?

*Por Rosa Bernhoeft

Fadiga, cansaço, ansiedade, angústia, entre outros efeitos físicos, mentais e emocionais, são algumas das evidências de que as pessoas estão trabalhando exaustivamente durante o home-office, neste contexto de modelo estabelecido como medida necessária no enfrentamento da pandemia.

Esse cenário trouxe, inclusive, um novo elemento como fator de exaustão mental, que é o estresse específico de excesso de videoconferências. O assunto tem motivado estudos e ganhou o nome em inglês de Zoom Fatigue, ou, em português, “cansaço de Zoom”, em referência ao famoso aplicativo de videoconferência. Esse cansaço é gerado pelo fato do nosso cérebro ter um esforço a mais durante a comunicação por vídeo, que é menos eficiente com relação à forma presencial.

Passada a primeira fase de adaptação, que foi o momento de se organizar para conciliar o trabalho, as rotinas da casa, intimidade, filhos, entre outros, atendendo as diferentes disciplinas e infraestruturas que cada uma das partes desse lar exigem para ser operadas, aumentou-se o nível de demanda para cada membro de uma família. Inclusive, o problema também é sentido por quem mora sozinho, o qual ainda está descobrindo ou redescobrindo o que fazer para atender seus compromissos e preencher o tempo.

Ao passo que essa exaustão vem sendo demonstrada por meio dos sinais já mencionamos no início do texto, existe também uma ideia compartilhada e reforçada de que esse momento que estamos vivendo pode ser de prazer de curtir a família, os filhos, de rever leituras, pintar, fazer yoga, de mostrar maior produtividade, velocidade, interatividade, foco, etc.

Estamos vivenciando um paradoxo entre o experimento de sensações não tão prazerosas, mas também o senso de que temos muitos ganhos em viver esse momento. E tudo isso está trazendo à tona muitas facetas das nossas vidas, as quais estavam adormecidas e guardadas, o que pode ser uma grande oportunidade de nos reinventar.

Por que todo esse tempo de trabalho?

Por trás de toda essa dedicação ao trabalho, desse excesso de reuniões de 10 a 12 horas por dia, há muitos motivos em aceitar essa sobrecarga de atividades que trazem efeitos tão negativos para a qualidade de vida. Essa aceitação tem a ver muito com as algumas necessidades que estamos postergando.

Temos que fazer entregas dentro de um prazo, de um padrão de qualidade e mostrando nosso compromisso. Esse comprometimento nos trás um senso de pertencimento. Quando nos acionam, nos proporcionam um senso de importância, afinal, me chamam porque sou importante. Se eu não for chamado, será que não estou pertencendo a esse grupo? Será posso perder o meu trabalho?.

É nesse ponto que proponho alguns questionamentos para uma autorreflexão: por que é necessário que todos saibam que estou sempre pronto para responder imediatamente? Como estou em casa 24 horas por dia, é a minha obrigação estar totalmente disponível sempre que for acionado?.

Dando um passo um pouco mais a frente, vem outras questões: preciso responder porque estou precisando muito do reconhecimento das pessoas? Ou tenho outras formas de mostrar o valor do meu trabalho, os resultados valiosos que estou entregando para a empresa? É necessário entender qual é a sua consciência sobre o seu valor, do que você entrega, do seu papel na equipe, e trabalhar para dar valor àquilo que você está fazendo.

O medo de perder o emprego ao, eventualmente, não se mostrar presente, é um dilema muito sério. Posso propor para mim uma maneira de trabalhar de forma melhor e, ainda sim, ter consciência de que, se sou chamado, eu estou sendo importante e valioso. Mas, isso não significa que não esteja preparado para circunstâncias que podem ocorrer, como uma possível demissão – o que, inclusive, pode acontecer com quem segue dedicando-se exaustivamente ao trabalho.

É nesse quesito que devemos ter respostas para a seguinte pergunta: o que eu estaria fazendo amanhã se, hoje, eu perdesse a oportunidade que estou tendo? Tenho que ter coragem e pensar que eu posso perder o emprego e que eu terei outras oportunidades que eu já as pensei. Precisamos pensar em alternativas..

Para tudo isso, olhe para você e veja como está cuidando das saúdes do corpo e da mente como fontes de energia e vitalidade para tudo o que faz. Avalie os movimentos na vida que tem realizado, sua consciência corporal, o que está criando e como está exercitando a criatividade nos diálogos, nas reuniões. E, principalmente, como está cuidando das emoções, se estão sendo expressadas, trabalhadas e vividas.

Todos esses questionamentos são pontos de cuidados que devem ser observados. Veja como está seu tempo, suas prioridades, sua importância e a qualidade dos seus resultados. Lembre-se da sua capacidade de fazer escolhas pelo seu próprio bem-estar físico e mental, integrando todos os aspectos de sua vida, mesmo que vividos 24 horas por dia no ambiente de sua casa, dividindo-se entre os espaços de trabalho, de convivência familiar, de cuidados com o corpo e de encontros virtuais com os amigos.

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