Não tecer um elogio, represar um agradecimento ou um enaltecimento, não vai lhe dar nenhuma vantagem competitiva. Só vai fazer de você uma pessoa invejosa e mesquinha.
Rebaixar alguém, meter um cotovelo na costela do outro na primeira oportunidade, operar sempre pela competição cega e nunca pela solidariedade, não vai lhe fazer maior nem mais poderoso. Só vai lhe tornar um ser humano miserável, que poderá até ser temido – mas que jamais será admirado ou querido por alguém que preste.
Espezinhar quem está embaixo (ou com que você considera que está embaixo), embarreirando o crescimento dos demais, atravancando os fluxos no escritório de modo que nada aconteça sem a sua presença (ou a sua locupletação pessoal) não vai lhe fortalecer nem lhe impulsionar. Só vai lhe tornar um covarde, um chantagista, um traidor – ou, no mínimo, um roda-presa, um chato de galocha.
Da mesma forma, acredite, expressar um elogio ou exercer a justeza ou reconhecer o mérito alheio é um grande antídoto contra a cobiça e a pequeneza – a sua e a dos outros.
Da mesma forma, exercitar a empatia e a generosidade só lhe fará ser mais respeitado e mais reconhecido pelos outros.
Assim como tratar a todos de modo horizontal, estimulando os mais novos a amadurecerem, a realizarem e a crescerem é coisa que lhe tornará um líder, um farol, um mentor dentro da organização.
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Eu acredito nisso tudo. E tento praticar isso no meu dia-a-dia, há muitos anos. No entanto, se tenho algum compromisso com a realidade aqui, não posso ser um idealista. E, se expresso a minha verdade, não posso ser cínico a ponto de acreditar, e de lhe fazer acreditar, que as coisas aconteçam sempre assim objetivamente, no mundo onde a vida acontece como ela é.
Eu realmente queria poder dizer a você que esses ciúmes bobos que lhe arrebatam, que essas disputas pequenas a que você se entrega, que essas vaidades comezinhas que lhe assolam são tolices, perdas de tempo que não vão levá-lo a lugar algum.
Eu realmente queria poder lhe dizer para não entregar sua atenção e suas melhores energias a essas emoções corrosivas, a essas questões menores, subterrâneas, comezinhas – colocando, ao contrário, seus esforços na construção de uma obra relevante, na construção de si mesmo como o melhor ser humano (e chefe, colega, subordinado, marido, pai, filho) possível.
Eu realmente queria poder lhe dizer que o que importa é a sua capacidade de entrega – e não a sua capacidade de puxar tapetes.
Gostaria de poder lhe dizer que a gestão de projetos e de negócios merece o seu denodo – e não a gestão de maledicências e de arapucas.
Gostaria, enfim, de poder lhe dizer que sua reputação diante dos outros será formada por sua capacidade de cumprir metas e de realizar seus sonhos (junto com os demais), e não de espalhar medo e desconfiança (alienando os demais).
Mas quem sou eu para lhe dizer que você está errado? Como posso, tendo visto tudo o que vi, afirmar que esse caminho sibilino, dominado pela aspereza e pela bile, não é exatamente o que vai fazer de você, rapidamente, um gerente, um diretor, um VP, um CEO?
Adriano Silva é jornalista, publisher do Projeto Draft e autor dos livros O Executivo Sincero (que dá nome à sua coluna na rádio CBN) e Ansiedade Corporativa.
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