DECIDA ENTRE A FUGA DA REALIDADE OU DESCOBERTA DE POSSIBILIDADES

Por Rosa Bernhoeft*

Nesta época de distanciamento social, com restrições para encontros que facilitam a troca de ideias, estimulam a filosofar sobre a vida e estabeleçam conexão emocional afetiva entre pessoas, vai se intensificando a angústia devido à falta do encontro físico, impossibilitando o desfrute e o acolhimento humano.

A conversa como ponte para o saber e sentir, hoje, é remota e acessível a qualquer hora. Porém, ela precisa de um assunto definido, tem limite de tempo e precisa ser útil, o que torna mais difícil o “jogar conversa fora” com o simples intuito de compartilhar e se fazer presente.

Com a pandemia, sentimos a oscilação da ameaça de adoecer e morrer. Vamos vivendo um dia por vez, sentindo, no fundo, um medo latejante, uma angústia dormente e uma ansiedade permanente.

A cada olhar, a cada palavra de alguém relevante em nossas vidas, queremos encontrar um pouco de luz, direção ou, simplesmente, relaxamento da pressão sobre nossos desejos e necessidades.

Olhamos para os grupos de pessoas que saem às ruas sem os cuidados exigidos a todos numa atitude de desprezo, inconsciência e destemor, fruto da rebeldia e negação que são típicos de encontrar em um estado de crise. Fugir, negar, omitir e agredir são verbos que, aparentemente, nos tiram da dolorosa realidade e nos aliviam das responsabilidades de resolvê-la.

A cada dia, vai se distanciando a consciência do nosso corpo em funcionamento como fonte de energia, potencialidades e inteligências múltiplas, que projeta e irradia a intenção de viver.

Sair da crise, em primeiro lugar, é exercer autocuidados e dar manutenção ao corpo no dia a dia para mantê-lo em funcionamento, usá-lo como a grande ferramenta para transitar na pandemia.

Que Ser encontro quando olho para mim mesmo? Qual é a percepção de espaço?

Preciso Ser Presente para encontrar saídas e encaminhar soluções, viver o agora para encontrar perspectivas e potencial de bem-estar em mim e no contexto.

Frente ao aumento de quadros de ansiedade, pânico e depressão intensificados pelo isolamento, as pessoas trazem perguntas que somente elas podem responder: será que vou perder o emprego? Será que serei capaz de sobreviver? O que sei, será útil para as novas demandas? O mercado, a minha empresa ou a minha família me acham importante e capaz?

Está havendo um esforço além dos limites para demostrar quem somos, levando o corpo à exaustão, à tensão emocional e à perda de equilíbrio. As jornadas exaustivas de trabalho são as mesmas que tínhamos antes, assim como as demandas de volume, a urgência e a pressão do cliente, do mercado e dos acionistas permanecem.

O que torna a realidade atual mais crítica é que, a essas variáveis, se agregaram dilemas profundos de sobrevivência. Muitos negócios ruíram, muitas carências pelo mau uso de recursos ou má gestão ficaram agudas e escancaradas, e, assim, se produziu um fenômeno de desconstrução que exige não uma adaptação, mas, sim, o surgimento de um novo modelo de vida e trabalho.

É preciso inventariar os ativos, tanto das pessoas como da sociedade e dos negócios, para encontrar o que temos de recursos, dizer onde queremos ir, dar foco e rumo, e estabelecer uma disciplina operacional na qual todos aderem. Pode ser um bom início da nova ordem, e não do novo normal e do controle do medo inerente ao não saber o que fazer na ameaça.

Mesmo com sinais que podem desanimar a maioria, temos dois grandes caminhos que se integram para promover um recomeço: nossa base produtiva está fazendo sua lição de casa, mantendo suas operações, buscando inovação, implantando cultura digital e de colaboração, fazendo expansão; e, ao mesmo tempo,  há um aumento da empatia entre os atores da cadeia de produção, os quais estão buscando sinergias, oportunidades, ajudas e suportes mútuos.

O espírito empreendedor brasileiro fica mais forte e agudo. São muitos profissionais buscando sair da crise via negócios e empreendimentos próprios, criando vigor na produção e encaminhando a sobrevivência.

O papel das lideranças se faz cada dia mais estratégico e pede por uma fala objetiva, realista, sem promessas e voltada ao reconhecimento da capacidade do indivíduo se comprometer com a realidade e agir na solução.

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