TEMOS UMA PONTE PARA A FELICIDADE EM 2022?

De um início de ano presenteados com a liberação de vacinas contra a covid-19, ao mesmo tempo que vivenciando um cenário ainda mais desafiador de casos e óbitos, até a gradativa redução de casos e o vislumbre de um novo tempo que se anuncia, com pequenos ensaios de retorno a uma vida semelhante com o que chamávamos de normal, a pandemia se manteve presente em nossas vidas por todo o ano de 2021. 

Muito além das questões epidemiológicas, a covid-19 está consolidada em nossas vidas nas mais diversas relações humanas, como as familiares, sociais, conjugais, comerciais, dentre tantas outras. Nos fez refletir sobre a nossa própria existência, nossa finitude, nossas prioridades e anseios. Se tornou um detonador de questionamentos sobre o que realmente queremos, o que é viver em coletividade e como estamos empregando a nossa passagem na Terra. 

Recentemente, escrevi um artigo falando sobre o que considero saudade do presente e acredito que seja um tema importante para esmiuçar novamente, diante do momento que estamos vivendo de despedida de um ano histórico para todos e a chegada de um 2022 carregado de esperança.

Sentimos falta do que tínhamos antes, dos contatos, das aglomerações sem medos, de abraçar e beijar sem culpa as pessoas queridas em nossas vidas. No entanto, a covid-19 também nos convidou a refletir sobre o tipo de vida que estávamos vivendo e o que desejamos neste momento. São questionamentos vitais, como a qualidade de vida que tínhamos, nossa forma de consumir, nossos cuidados com a saúde de maneira integral, nossas formas de se relacionar e de conviver em harmonia com a sociedade. E, é claro, nossa forma de interagir com a natureza e com todas as demais vidas no mundo. 

Com a chegada da pandemia e desse repensar sobre a vida, hoje, sentimos uma imensa saudade do que poderíamos estar vivendo no presente, o que é diferente de sentir falta do que vivíamos no passado. Temos tantos desejos de viver uma vida “normal”, com a bagagem do que experimentamos nestes últimos dois anos, mas ainda não podemos completamente.

Não podemos esquecer que a pandemia ainda não acabou. Temos agora uma nova variante de preocupação, a Ômicron, bem como o desafio de enfrentar o movimento dos antivacinas, que contribuem para a permanência da alta circulação de vírus, e uma trágica má distribuição de vacinas pelo mundo, o que é um impasse gigante para o fim da pandemia. No Brasil, estamos caminhando bem, mas ainda precisamos de cuidados, responsabilidade e comprometimento pela saúde coletiva. E, diante dessa imensa vontade de que tudo acabe logo, sentimos essa saudade do presente. 

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O que temos agora em mãos

Mas, se não podemos desfrutar da vida agora exatamente da forma como desejamos, como atingir um estado de plenitude? Vou compartilhar uma história de quem responde muito bem essa questão. É da minha neta de 11 anos, que precisou fazer um TCC para a conclusão do seu 5º ano escolar.

Ela escolheu fazer um TCC sobre o rebaixamento de Plutão de 9º planeta do Sistema Solar para a categoria de “planeta-anão”, uma decisão histórica dentro da comunidade científica, feita em 2006. Minha neta ficou curiosa com essa história após ver uma reportagem, entrevistou uma astrônoma brasileira e um profissional dos Estados Unidos. Com as respostas, compôs seu trabalho e apresentou. 

Quando perguntada pela sua professora sobre como estava se sentindo, minha neta respondeu: “eu me sinto muito bem, porque eu fiz uma pergunta e fui buscar a resposta. Eu fiquei curiosa com a reportagem que vi e, agora, me sinto mais feliz”. 

Sabe o que significa esse relato? Trata-se de um fenômeno que eu considero a base da felicidade e é a fórmula-chave para a evolução humana. É a apropriação da curiosidade, da vontade de descobrir, de nos desviarmos do conformismo, buscar respostas e agir para encontrar as soluções. É não aceitar e repetir somente o que te dizem e, assim, transcender. 

Para isso, precisamos estar conscientes do que temos em mãos e das nossas necessidades agora. Devemos sonhar, sempre, mas sem esquecer do quanto as nossas vidas dependem dos nossos pés em terra firme. E manter nossa sede incessante por respostas, por alcance de novos horizontes.

A pandemia nos fez quebrar muitos paradigmas os quais não podemos desperdiçar. Mas, não precisamos que venham outras crises sanitárias para mantermos viva essa nossa busca constante por novas formas de relação, de produção, de estruturação de tempo, de ressignificação das nossas vidas, de alcance de uma vida plena e com saúde, de uma sociedade mais justa e acolhedora com cada vida presente. 

Não podemos esquecer que essa “convulsão” da natureza em resposta à contínua degradação do meio ambiente operada pelo ser humano, somada à barbaridade de uma gestão que nos utilizou como experimento para a aquisição de uma imunidade de rebanho sem vacinas, inicialmente, custou a vida de mais 618 mil brasileiros. No mundo, já foram mais de 5,3 milhões de óbitos.

Não, definitivamente não precisamos e não podemos aguardar por outras pandemias. O momento de mudança é agora, e estamos diante um momento grandioso para a humanidade. Precisamos entender e absorver essa grandiosidade para dentro de cada um de nós.

Rosa Bernhoeft

Desejo a todos um belíssimo final de ano e que possamos percorrer 2022 com muita felicidade, muita gana pela busca em aprender, em não se conformar, e nos sentindo plenamente vivos e intensos, desfrutando e interagindo com cada elemento que nos mantém presentes nessa vida única, agora, neste exato instante! 

Por Rosa Bernhoeft

Especialista em liderança e gestão de altos executivos, sócia-fundadora da Alba Consultoria, criadora de conceitos e metodologias para gestão de carreira, treinamento e desenvolvimento.

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